11 de setembro de 2013

Despedida de mim




Rostos passando, mãos inquietas a procura de qualquer coisa para se manterem ocupadas. Sapatos perambulando perdidos, com pressa injustificada. Barulhos distantes entrando pela minha cabeça como se a mesma estivesse oca. Emudecendo os ecos incompreensíveis que teimam em dançar livremente por meus tortuosos pensamentos continuo a caminhada cercada de lágrimas internas que luto bravamente para esconder.

Uma jornada sem passagem paga, do qual o passaporte foi roubado e não há meios de volta ao conforto do conhecido passado, mesmo que este não seja o mais colorido, porém os contornos tortos e cheio de sombras do futuro não permitem nenhum aconchego ou mesmo refúgio dos medos que essas linhas mal delimitadas representam.

Pessoas não falam sobre as dúvidas, apenas aparentam certezas determinantes e o sorriso no rosto causa uma falsa ideia de que medo e alegria não andam juntos. As pessoas andam com pressa e só deixam amostra o que é aparente. A cor da pele, as curvas do corpo, a cor dos olhos, porém esses olhos não são descobertos, não soletram sentimentos e menos ainda acalentam um solitário individuo em busca de socorro.

Vejo no espelho, rugas já nascidas com um rosto forte e doce ao mesmo tempo, mas vejo internamente uma menina acanhada, tímida que não se percebeu mulher apesar das inúmeras vezes em que teve que sê-la.

Em que momento me despedirei de mim? Qual a estação em que a menina desce para que a mulher entre? Talvez nunca saiba, talvez essa estação já tenha passado por mim, talvez ela esteja chegando e seu simples vislumbre maltrate tanto os sentimentos que vão internamente nessa capa que a vida me deu e que a cada dia se transforma em algo desconhecido a mim mesma. 

Alguns sinos vão tocar, uma porta vai se abrir e, eu ali, parada de branco, sinta que a viagem, por mim já conhecida, esteja simplesmente no seu momento final e neste dia deixarei de perambular o mundo com apenas dois pés, pois estes passarão a ser quatro e minha mão não balançará sozinha, mas terá outra sempre em sua companhia. 

Chegadas e partidas. Me preparo para a maior delas, a despedida de mim mesma. 

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