O dia já começou lindo em Vitória e eu aqui desde
antes das 6 da manhã, como sempre, devorando tudo o que encontro que tem
palavras escritas para ter um pouco de prazer na vida. Livros, revistas, jornais,
blogs e o famosíssimo Facebook. Pois bem, meu pensamento hoje permeia os
tortuosos caminhos da liberdade e era sobre ela que lia arduamente desde que
acordei.
Todos querem liberdade, isso é óbvio, o que percebo
que não é tão óbvio assim é que hoje em dia liberdade, além de ser artigo de
luxo, é um bixinho de sete cabeças. Ninguém tem liberdade para ter o corpo que
realmente gosta, o cabelo desgrenhado que fica lindo nas modelos - e não em nós
pobres mortais, um emprego alternativo, uma graduação diferenciada. Estamos na
era da "ditadura" como nunca estivemos.
Ditadura sim, e não só a ditadura da beleza, mas a
da carreira, da estética, da vida financeira, dentre outras tantas, ou é só eu
que ouço que música não é profissão, que morar de frente para a praia é o ápice
do sucesso, que graduação que se preze ou é direito, engenharia ou
medicina. Tadinha de mim pobre futura cientista social!
Hoje acordei disposta a dizer não! Não a coisas que
não gosto, a obrigações ilógicas, a comportamentos que não são meus, a padrões
estéticos que nunca caberei dentro, a viagens de "compras", a
amizades que não me fazem bem, a objetos que não preciso, a consumo que pode
ser evitado, a regras que não entendo.
Um pensamento sobre a liberdade me levou a perceber
que, mesmo me considerando uma pessoa original, sou diariamente corrompida
pelos costumes sociais que não me encaixo e que não preciso me encaixar só por
ser a regra da atualidade o pertencimento a grupos. Concluo que se não me
encaixo, devo procurar outros lugares, outros grupos e não fazer uma
transformação tortuosa sobre mim mesma.
"Mas eu desconfio que a única pessoa livre,
realmente livre, é a que não tem medo do ridículo"
Luís Fernando Veríssimo