31 de julho de 2013

Sobre a Liberdade


O dia já começou lindo em Vitória e eu aqui desde antes das 6 da manhã, como sempre, devorando tudo o que encontro que tem palavras escritas para ter um pouco de prazer na vida. Livros, revistas, jornais, blogs e o famosíssimo Facebook. Pois bem, meu pensamento hoje permeia os tortuosos caminhos da liberdade e era sobre ela que lia arduamente desde que acordei.

Todos querem liberdade, isso é óbvio, o que percebo que não é tão óbvio assim é que hoje em dia liberdade, além de ser artigo de luxo, é um bixinho de sete cabeças. Ninguém tem liberdade para ter o corpo que realmente gosta, o cabelo desgrenhado que fica lindo nas modelos - e não em nós pobres mortais, um emprego alternativo, uma graduação diferenciada. Estamos na era da "ditadura" como nunca estivemos. 

Ditadura sim, e não só a ditadura da beleza, mas a da carreira, da estética, da vida financeira, dentre outras tantas, ou é só eu que ouço que música não é profissão, que morar de frente para a praia é o ápice do sucesso, que graduação que se preze ou é direito, engenharia ou medicina. Tadinha de mim pobre futura cientista social! 

Hoje acordei disposta a dizer não! Não a coisas que não gosto, a obrigações ilógicas, a comportamentos que não são meus, a padrões estéticos que nunca caberei dentro, a viagens de "compras", a amizades que não me fazem bem, a objetos que não preciso, a consumo que pode ser evitado, a regras que não entendo.

Um pensamento sobre a liberdade me levou a perceber que, mesmo me considerando uma pessoa original, sou diariamente corrompida pelos costumes sociais que não me encaixo e que não preciso me encaixar só por ser a regra da atualidade o pertencimento a grupos. Concluo que se não me encaixo, devo procurar outros lugares, outros grupos e não fazer uma transformação tortuosa sobre mim mesma. 

"Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo" 
Luís Fernando Veríssimo


30 de julho de 2013

Sem motivos



Podem parar de dizer que o título do texto está errado. Nãnaninanão!!! Não se trata de cem (100) motivos, e sim de fato sem (0) de motivos.

Quem quer ser feliz coloque a mãe aqui... que já vai fechar! 

Não cabe tantas mãos debaixo da minha por que todos nós queremos ser felizes, não éh?! Queremos sim, porém quantos tem conhecimento do que é de fato ser feliz? Poucos felizardos, uma vez que no mundo atual felicidade significa ter e ter tem sido cada vez mais difícil em uma era com tantas variedades e novidades diárias. Sonhava em ter o IPhone 5??? Pois é bobinho, quando ainda nem mesmo termina de pagar, eles tratam de inventar o 6, 7, 10² e por ai afora vai em uma invenção incontrolável de novidades que nunca te permitirão estar realizado, por que no dia seguinte surgirá milagrosamente algo que você não tem.

Como diria meu caro Drummond, "Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade", pasmem ou não, é a pura verdade. Não é à toa que ele é um famoso clássico brasileiro. Não é necessário buscar mecanismos, simpatias, amores, objetos e posses para ser feliz. Não tem "porta da esperança", nem mesmo "porta dos desesperados" que te faça ser mais ou menos feliz. 

Seja feliz simplesmente por que tudo a sua volta te permite isso. O sol brilha, a chuva refresca, a nuvem traz sombra, o mar balança... 

Caiu? Ria de se mesmo, conte para os amigos. Bateu o carro? Ainda bem que você tem um, por que euzinha aqui, ando de ônibus. Quebrou o pé? Peça a seus amigos para fazer desenhos e frases engraçadas. Levou um fora do carinha? Ainda bem que foi só de um, parta para o próximo. Não ganhou na mega sena? Está triste por isso????? Nem você, nem eu, nem milhões de outras pessoas, ou você acha que com suas moedinhas o prêmio se multiplicou para milhões milagrosamente? 

"É melhor ser alegre, do que ser triste. A alegria é a melhor coisa que existe" 

Se você conseguir ser feliz sem motivos, você saberá ser sempre feliz não importando os ganhos e/ou as perdas. 





29 de julho de 2013

A doce arte de sonhar


Inspirada no "Bailarinas e astronautas" vou escrever mais um pouquinho sobre sonhos. Já que o papo da vez é esse vamos relembrar algumas coisas. 

Quem nunca sonhou em ser algo totalmente diferente do que é hoje?
Quem nunca quis mudar alguma coisa na vida?
Quem nunca quis mudar de chefe sem ter que mudar de emprego?
Quem nunca quis beijar o mais bonitinho do colégio?
Quem nunca quis ganhar o premio Nobel por um grande feito?
Quem nunca quis ter as melhores notas da sala?
Quem nunca quis ser mais popular?

Eu sempre tive sonhos malucos. Já quis muitas coisas e realizei poucas delas, porém no caminho dos 27 anos percebo que perdi muitas coisas, MAS ainda dá para realizar várias outras.

Sonhos não realizados:

1 - Plantar uma árvore
2 - Escrever um livro
3 - Me Casar (tô quase lá rs)
4 – Ter uma caixinha de música antiga
5 - Fazer mestrado e doutorado
6 - Ter 3 filhos
7 - Conhecer as 7 maravilhas do mundo antigo
8 - Ter uma biblioteca em casa
9 - Ser bailarina
10 - Tocar piano 

Sonhos realizados:

1 - Viajar para o exterior
2 -  Ver pessoalmente os Girassóis de Van Gogh
3 - Ir em um castelo de verdade (acabei indo em vários – rs)
4 - Cultivar minhas amizades independente da distância
5 - Estudar na Ufes  
7 - Ter os livros da série Caminhando nas chamas
8 -  Assistir ao show do Hillsong
9 - Saltar de asa delta
10 - Ter um amor para chamar de meu

Não sei viver sem meus sonhos, alguns escondidinhos que não coloquei aqui, outros já escancarados, mas sempre com eles permeando minha vida. 

Só realiza quem sonha, quem luta, mas principalmente quem acredita. Os sonhos são os sorrisos da vida, o brilho dos olhos, a essência de toda alegria!

Uma ótima semana para todos nós!


28 de julho de 2013

Bailarinas e astronautas



Criança não tem medo de enfiar a mão na tomada, apesar de ter medo do escuro. Eles são mais corajosos que muitos adultos, por que nem olham para os dois lados da rua para atravessá-la. Dizem, sem o menor medo de julgamento, que querem ser astronautas, pescador, e até mesmo “hidroelétrico”.
Criança fecha os olhos e pula do muro rumo ao colo de um maluco qualquer de plantão. Saem desembestados sem medo de altura por que o papai ou a mamãe chegou em casa. Escalam berços, janelas, armários de cozinha sem a menor noção de que podem se machucar muito. Respondem tudo o que são questionados, mesmo quando ainda nem sabem pronunciar corretamente as palavras.
Criança conta o que fez de errado, pelo menos em quanto ainda pequeninos. “Mamãe, bati no Matheus com a vassoula!” escutei meu priminho gritando um dia, sem a menor noção de que um castigo o esperava.
Criança acredita em tudo o que dizemos à elas e fazem lindas carinhas de espanto quando contamos historinhas de “terror”. Dão o sorriso mais lindo quando gostam de alguma coisa e uma careta brava quando não gostam. Gritam pedindo batatinha do MC Donalds, e ficam hipnotizados com a Galinha Pintadinha.
O que muda tanto dessas apaixonantes crianças para nós, chatérrimos adultos? “A realidade”. Que realidade é essa que tira a essência mais doce de uma criança? A morte de sonhos. 
Deixe seu filho ser astronauta, deixa ela ser bailarina, deixe que sejam todos cientistas e químicos, médicos e professores. Deixem que sejam eles mesmos. Deixem que sonhem.
Se você é hoje um adulto chatérrimo é por que deixou de sonhar, deixou de acreditar, de ser verdadeiro, de ter inocência. Deixou que o mundo te ditasse as regras e principalmente passou a viver pela obrigação e não pelo amor.
Mamães: deixem que seus filhos sonhem, brinquem, se sujem, se ralem, se estrupiquem, se realizem, se decepcionem. Deixem que eles vivam! 
Quem não sonha está simplesmente cumprindo o protocolo de uma vida sem vida.

25 de julho de 2013

Entre rugas e olheiras


Aquelas ruguinhas, que hoje vejo teimando em surgir pela minha testa quando me olho no espelho após um cansativo dia de trabalho e faculdade, não costumavam me fazer visitas com tanta frequência e, podem sair daí suas danadinhas, não quero a companhia de vocês. Os pés de galinha? Quem foi que inventou esse nome tão deprimente para esses traços que ninguém gosta de perceber que tem? As olheira, ah essas queridas amigas companheiras de noites não dormidas poderiam arrumar outro desocupado para alugar? Eu tenho muito ainda que estudar e não posso dar-lhes minha atenção, portanto, caiam fora deste rostinho agora mesmo.
Quem me dera poder dizer isso e principalmente ser obedecida. O tempo chega meninas, e não é só para mim, lamento informar! Ele chega para ricos e pobres, para brancos e negros. Ok, ouço vozes dizendo que para os ricos ele demora mais para chegar, concordo e sofro, pois não faço parte desse 1% da população brasileira, então só me resta sorrir, fazer o carão de que não estou nem ai e continuar minha jornada rumo aos 90 anos. Ainda bem que faltam 64 e uma semana para eu chegar lá.
Será que é pedir muito para ter tempo para frequentar uma academia? Segundo uma amiga, quero envelhecer e continuar gostosa (rs). Não tenho medo dos dias que se vão, tenho medo que eles levem meus sonhos sem me permitir realizá-los, que levem meu tempo sem que este seja gasto com minha família, futuros filhos, marido e amigos. Tenho medo do tempo que é injusto e não das rugas penetras que aparecem sem convite.
Quero sim envelhecer para ter muitas histórias para contar, quero uma cadeira de balanço para ver meus netos correrem para lá e para cá, quero passar a mão pelos cabelos grisalhos do meu marido e sentir que nosso longo casamento valeu a pena.
PARA TUDO - quero que essas coisas venham no tempo certo e esse tempo não é hoje. Hoje quero me olhar no espelho e não ver rugas. Alguém aí com um creme bom para isso? E o endereço da academia “fique-gostosa-sem-precisar-ir-todos-os-dias” ainda não recebi. Podem enviar por e-mail que fico no aguardo.

Grata,

24 de julho de 2013

O que você salvaria se sua casa pegasse fogo?


Hoje, em um agradável café com minha amiga Carol - que pelo que conheço gosta muito do anonimato de forma que não revelarei seu nobre sobrenome - conversamos sobre muitas coisas como carreira, livros, casamento, sobrenomes, rotinas e afins. 
Como toda conversa acompanhada de cafés, a nossa também foi longa, mas um ponto me fez meditar durante a parte final do meu dia. Não me lembro como exatamente, mas chegamos a uma pergunta que tem circulado muito por ai: "O que você salvaria se sua casa pegasse fogo?". Já li textos sobre isso e até mesmo no filme Casa comigo esta pergunta faz com que a mocinha repense sua vida e o que realmente importava para ela. 
O que é importante para mim? Passei o dia me questionando e lendo a respeito. Descobri um estilo de vida minimalista que prega (de forma grosseira será dada a minha explicação) uma vida mais simples, sem tantos objetos, sem tanto consumo que tem feito muito sucesso mundo a fora e conquistado vários adeptos. Meu objetivo não é divulgar este estilo, que achei superinteressante, mas levantar questionamentos que não nos fazemos na loucura do dia-a-dia. 
Carol salvaria as fotos da infância, pois segundo ela, Cds, livros, Dvds e qualquer oura coisa ela poderia comprar novamente, mas as fotos da infância não. 
Digamos que minhas fotos de infância estejam na casa da minha mãe, e minha casa, que não é a mesma, obviamente, pegasse fogo. O que eu salvaria? Após muito pensar cheguei à conclusão de que nada que tenho valeria a pena o risco de me adentrar pela casa em chamas.
Dois lados da moeda, não sou tão apegada a bens materiais, preferindo preservar minha própria vida à um objeto, lado negativo é que coisas são sempre repostas, recompradas, substituídas. Se minha mente pegasse fogo, ai sim seria impossível decidir, por que aqui dentro guardo tudo o que realmente importa. Os sorrisos, os momentos, as transformações da vida e, por que não, os medos e incertezas que quando trabalhados me permitem tanto aprendizado? 
Salvaria minhas histórias.


23 de julho de 2013

Inverno capixaba e uma francesa gripada


Durante seis anos estudei na famosa “escolinha” o que, quando ainda menina, adorava a forma como a minha escola era chamada, mas quando cheguei a adolescência já não achava tanta graça nos diminutivos. Ao longo desses anos tive a sorte de estudar com a mesma turma, as mesmas pessoas que até hoje, 12 anos após termos nos separado, ainda guardo com muito carinho.

Retratar o inverno capixaba só faz sentido se trouxer esta turma como ponto principal – enquanto a francesa espera seu momento chegar nesse texto desconexo – o entendimento de como o capixaba se comporta no frio. A famosa turma era o clássico exemplo que em Vitória basta chover para que todos coloquem casacos, basta chegar junho e julho para que todos usem botas, e estes fatores não indicam queda alguma na temperatura que sempre permanece acima de 22º mesmo no famoso inverno. Tia Sara, professora de português, um dia me disse que nossa turma deveria ser motivo de pesquisa, pois no auge do mês de Março já estávamos agasalhados. Na época achei um grande exagero, porém quando vejo as poucas fotos amareladas percebo que mesmo com datas de meses de verão vários de nós estávamos vestindo moletons e casacos.

Sinto falta daquela turma, das conversas bobas e dos apelidos. Eram tantos meninos que achávamos lindos que por timidez – ou por pura falta do que fazer – designávamos novos nomes para nossos amores. Red, Pato, Nescau, Toddy, o famoso Hugo-gostoso, dentre outros.  Não posso reclamar desses alegres anos, porém me sinto liberta em não precisar usar roupa de frio o ano inteiro.

A fase adulta demora, mas chega mais rápido do que imaginávamos quando crianças e novos hábitos, trabalhos, amizades e rotinas nos separam de quem gostamos tanto. Com o tempo também muitas coisas mudam e hoje tenho uma cunhada francesa que fica gripada no inverno capixaba. COMO ASSIM? Pois é, como não está fácil para ninguém, não está também para os que nasceram em países frios. Acostumada com graus negativos, muda para Vitória e pega gripe no inverno, sem contar que vive saindo de agasalho. Acho que ela deve ter estudado na “escolinha” também.

Aproveito para, com minhas palavras, abraçar minhas distantes amigas que guardo carinhosamente no meu coração e também desejar melhoras para minha french cunhada.

Caminhando nas chamas


"Caminhando nas chamas" de Stephanie Grace Whitson.
Este é o livro que mais marcou minha vida. Stephanie Whitson, talvez pela sua formação religiosa e também pelo fato de ser descendente dos índios americanos, consegue retratar o contexto histórico dos Estados Unidos entre os constantes confrontos entre brancos e índios na luta por territórios.
Uma não tão jovem ruiva, de traços não muito favorecidos se vê no limite da idade para conseguir um casamento, o que já não lhe dá muito direito a escolhas e se casa com  Homer King, conhecido por ser rude e teimoso, tornando o casamento apenas uma instituição de regras e compromissos. Apesar da constante tristeza, Jesse King realiza-se com a chegada de seu primeiro filho, Jacob, que encheu seu pobre coração de alegria.
Homer decide deixar Illinois, junto com demais moradores rumo a tão sonhada Oregon, em busca de melhores condições de vida e nada mudaria sua decisão e por mais que Jesse tentasse, pois ele não era um homem dado a conversas. Durante a viagem um acidente tira de Jesse sua única alegria, o doce Jacob ao cair do carroção é atropelado não dando tempo de salvá-lo. Com terrível sofrimento Jesse pede que os demais continuem a viagem em seus carroções e a deixe ali com o marido para sentir sozinha a dor, porém enquanto ainda estavam sozinhos enterrando o bebe, uma manada de búfalos numa correria desenfreada passa por cima deles e do caminhão deixando apenas destroços.
Através destes acontecimentos a história de Jesse mudaria totalmente. Um grupo de índios Lakotas encontram o carroção e os corpos de Jesse e Home King, porém Jesse estava apenas desacordada o que fez com que Cavalga o Vento a colocasse sobre seu cavalo, assim como outros pertences, que julgaram os índios serem valiosos, e foram para a aldeia.
Este romante entre uma americana branca e um forte guerreiro Sioux Lakota é narrado com detalhes que nos transportam junto com eles nas dificuldades dos idiomas, da cultura e principalmente do amor. Não seria fácil para eles se comunicarem, porém, Jesse que ainda estava em período de amamentação pode ser a mãe de leite para o filho de Cavalga o Vento e aos poucos ir conquistando o coração desse destemido guerreiro, porém era vista com maus olhos pelas índias da tribo que a consideravam uma tola por não entender das comidas, da confecção das roupas e barracas e nem mesmo saber colher raízes no campo.
Todos na aldeia tinham nomes referentes a traços físicos ou conquistas em guerras. De forma que Cavalga o Vento se chamada assim devido a sua extrema habilidade com os animais. Jesse ao salvar uma criança do fogo que queimava a colina nos dias quentes de verão, teve seu corpo parcialmente queimado além de ficar praticamente sem cabelo. A partir desse ato heroico Jesse ganha não só o nome de Caminhando nas Chamas, mas também o coração de seu amado índio Lakota.
As diferentes culturas foram sendo transferidas no dia-a-dia e tanto Jesse aprendeu a se comunicar com Cavalga o Vento quanto ele aprendeu a falar Inglês e também como ensinar os sinais do amor que os diferentes costumes ditavam.
A história continua cheia de surpresas e reviravoltas. Com delicadeza Stephanie trabalha assuntos como preconceito, incertezas, medos e o grande foco do livro, a fé.
Não é possível classificá-lo como um romance Bíblico, porém as lições de fé, de amor e de esperanças transformaram minha juventude e a mim também. Este é um livro que consegue transmitir valiosos ensinamentos a todas as idades. Recomendo à meninas, moças e mulheres.
Um livro que me faz companhia há 14 anos, o qual não consigo saber quantas vezes foi lido.

22 de julho de 2013

Transformando cortinas em roupas


Uma família do interior de Minas Gerais, muitas mulheres, muitos filhos e costumes que hoje são tidos como incomuns. Cresci cercada dessas mulheres de hábitos simples e corações puros que cultivaram em mim sorrisos doces.
Mulheres que não trabalhavam devido a necessidade da criação dos filhos e do cuidado do lar, costume comum nas cidades do interior e, mesmo quando já morávamos em Vitória, muitos desses hábitos permaneceram. Tive uma infância marcada por problemas financeiros e, por incrível que pareça, sinto muita falta desses dias onde a sonoridade de máquinas de custura, o cheiro de cafés e chás e as longas conversas marcaram profundamente meus dias mais felizes.
Poucos ainda devem se lembrar do famoso filme "O vento levou", porém quando o assisti pela primeira vez me senti única e feliz por ter na minha vida a criatividade de fazer de cortinas velhas lindas roupas, e as longas conversas sobre livros e mais livros tornavam as tardes meu momento preferido do dia, afinal nem todas sabiam dominar a arte da máquina de costura. A infância tem características lindas e talvez por isso até mesmo Jesus disse que o reino dos céus são desses baixinhos. 
A absurda ausência do cifrão nunca tirou minha felicidade na infância, porém quando crescemos precisamos perder essa ingenuidade e a vida nos mostra que linhas e chás não são capazes de deixar as contas em dia, porém ainda assim sinto que "Entre chás e costuras" a vida permanece doce.