Lembro dela passando com pressa, um rápido e quase imperceptível bom dia, barulho de bolsa colocada num canto, computador ligando, papeis sendo empilhados enquanto eu ali do meu canto tudo escutava. Ver, não via, não era possível dado as paredes que nos separava, mas apesar dos gestos mecânicos, das poucas e rudes frases pude notar que existia uma possibilidade de amizade a caminho.
Ah, sou dessas! Adoro novos amigos, apesar de ter medo de pessoas desconhecidas, mas quando sinto alguma sintonia, me esforço para merecer a atenção de quem julgo valer a pena andar do meu lado.
Almoço. Lá ela se vai com mais pressa do quando chegou, coloca um prato enorme de comida que nem de longe imaginei ser possível uma pessoa tão magra comer tanto. Senta-se a mesa com outros colegas de trabalho e percebo a voz grossa com que ela faz todas as perguntas possíveis para todos que estavam à mesa. Perguntas, quantas perguntas uma pessoa é capaz de fazer? De fato não sei, mas posso afirmar que ela faz o dobro de perguntas que qualquer ser humano que eu já tenha conhecido faz.
Tão rápido quanto começou ela termina a refeição e vai descansar. Senta-se a frente da tv e assiste o pequeno pedaço de jornal que é permitido nos últimos minutos que sobraram do horário de almoço. Volta ao local de trabalho, minúscula sala que a cerca não só fisicamente como emocionalmente sem que ela tenha capacidade de perceber e dali só se levanta raramente.
Por mim, passa sempre com pressa, com pilhas de papeis que deixa pela minha mesa. Sem muita conversa, sem muitos sorrisos ou olhares. Eficiente, competente e estressada. Poderia ser mais feliz, lembro que foi um dos pensamentos que me ocorreu que com o tempo passou a ser: poderia ser menos estressada. Por que feliz? Ah, feliz ela era, longe daquele lugar, nas sextas-feiras, nas caminhadas na praia, nas festinhas com as amigas.
Sei anos se passaram e todo esse contexto me faz pensar sobre o comportamento humano. Por que tantas coisas que nos acorrentam? Por que tantos compromissos que nos deprimem? Por que uma fé tão pequena? Será que temos mesmo que nos colocar em situações como estas?
Vejo pessoas em relacionamentos pavorosos, empregos que matam a criatividade, famílias sem o menor respeito, amizades sem um pingo de companheirismo, dentre tantos outros exemplos que poderia passar horas citando. Por que? O medo. Medo de mudança faz com que aceitemos uma vida medíocre, pequena e sem luz.
Meu dia se deu rodeado de pensamentos sobre o medo. O medo é a corrente de uma vida frustrada, enquanto a coragem é a chave da liberdade. O que não é feito por medo, deve ser feito por coragem, pois uma coisa que aprendi com o medo foi justamente que, é aonde que o medo está, pode estar também os nossos maiores e mais louváveis sonhos. Medo do fracasso? É por que seu sonho é o sucesso, caso contrário você não teria medo de fracassar.
Muitas pessoas dizem que não sabem o que querem ser da vida e quais sonhos tem. Olhe então para aonde estão seus medos, muito provavelmente alguns dos sonhos mais velados e ao mesmo tempo mais importantes da sua vida estão escondido atrás dessa pesada cortina chamada medo.
ADOREI!!
ResponderExcluiressa personagem me parece familiar...rs
bjo
Endora
É verdade! parece comigo também!
Excluir:)